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Empresas internacionais que operam em África organizam-se contra o HIV

[South Africa] The motor manufacture sector has grown Daimler Chrysler SA
Uma idea contagiosa: força de trabalho sem HIV é um bom negocio

O negócio está a florescer em Angola e Moçambique para muitas empresas multinacionais. Mas estas companhias estão a descobrir que o sucesso não passa apenas pelo lucro: passa, também, por ter uma força de trabalho livre do HIV.

Este esforço tem lugar, não só junto dos seus funcionários, mas também das respectivas famílias e comunidades. É o caso da Televisa, uma companhia de telecomunicações portuguesa, do Grupo Visabeira, a operar em Moçambique, que em Setembro de 2006 lançou o projecto “Televisa contra o HIV/Sida”.

“O objectivo foi promover a prevenção através da sensibilização dos nossos funcionários”, explicou José Arimateia, director do Departamento de Relações Públicas do Grupo Visabeira, durante uma conferência internacional promovida a semana passada em Lisboa pela Coordenação Nacional de Luta Contra a Sida (CNLCS), sobre o envolvimento do sector privado na prevenção da epidemia.

Com 19.8 milhões de habitantes, Moçambique tem 16.2 por cento de seroprevalência - a décima maior no mundo. Os números ainda estão a crescer, especialmente entre os 15 e os 49 anos, a faixa da população em idade produtiva. Aos olhos do sector privado, esta epidemia traduz-se numa forte ameaça a produtividade das empresas a operar no mercado moçambicano.

Televisa organizou sessões de informação que decorreram em todas as representações da empresa no país. A participação foi voluntária. Do total de 406 funcionários, 253 participaram. Entre estes, todas as 29 mulheres empregadas da Televisa.

TVZine também entra

Nas sessões, que aconteciam quatro vezes por mês e duravam uma hora e meia, foram abordados o aconselhamento e teste voluntário, uso do preservativo, transmissão vertical, nutrição, doenças de transmissão vertical, estigma e discriminação. No final, 20 por cento dos funcionários da empresa fizeram o teste voluntário do HIV.

Entre os participantes, seis empregados foram seleccionados como educadores dos seus pares e receberam formação durante seis dias, a tempo inteiro.

“Queríamos fazer destes trabalhadores porta-vozes contra a epidemia, de modo a não limitar o programa a uma mera apresentação de informação”, disse Arimateia.

O material de informação também foi distribuído aos funcionários que não participaram.

''uma ideia que tem de contagiar outras empresas''
Para 2007, a Televisa tem outras duas iniciativas mais abrangentes.

“Procurámos apostar no que são as nossas capacidades: enquanto operadores da TV Cabo em Moçambique, estamos a ultimar um anúncio publicitário direccionado para a população em geral, e vamos também fazer uma campanha na revista com maior tiragem em Moçambique, a TV Zine, com 20 mil exemplares e uma penetração de mercado importante”, explicou Arimateia.

Usar o que sabem fazer

A presidente da filial europeia do Coligação Global de Empresas contra HIV/Sida, Tuberculose malária (GBC, do inglês), Therese Lethu, incentivou as companhias presentes a aproveitarem as suas competências centrais, tal como fez a Televisa, para reduzir a infecção.

Fundada em 2001, a GBC tem sede em Nova Iorque e agrega 220 empresas que empregam 5 milhões de funcionários em 130 países.

“Estamos aqui para discutir uma potencial colaboração com a Plataforma Laboral Contra a Sida, de modo a que seja desenvolvida uma coligação específica de luta contra a sida nos países de expressão portuguesa, através das empresas portuguesas que já estão a operar nestes países africanos, tal como em Angola e Moçambique”, disse Lethu.

“Sabemos que, em muitos destes países, é necessário lidar com a questão dos trabalhadores migrantes e nós temos possibilidade de definir projectos específicos e adequados a esses contextos”, acrescentou Lethu.

Ela apontou para a importância de que as empresas estabeleçam laços ao nível local, não só com o governo mas também com organizações não governamentais.

Por outro lado, defende, é necessário fazer com que os programas implementados no local de trabalho sejam estendidos às populações locais, até porque, em alguns países africanos, as companhias são os únicos lugares onde se consegue ter acesso à informação e a aconselhamento e testagem voluntários e inclusive ao tratamento antiretroviral.

“Isto pode ser feito através de co-investimentos ou parcerias público-privadas”, sugeriu.

Para o coordenador nacional para a infecção HIV/SIDA em Portugal, é importante que as empresas tenham um plano claro nesta matéria.

“As boas práticas dos países ricos também devem ser respeitadas nos países pobres”, disse Henrique Barros. “É fundamental assegurar uma cultura de prevenção e de acesso ao tratamento para os trabalhadores locais, autóctones, e também para os deslocados (estrangeiros).”

Sobre os exemplos apresentados nesta conferência, Henrique Barros acha que “são o levantar de uma idéia que tem de contagiar outras empresas”.

Rg/lb/ms


This article was produced by IRIN News while it was part of the United Nations Office for the Coordination of Humanitarian Affairs. Please send queries on copyright or liability to the UN. For more information: https://shop.un.org/rights-permissions

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